Texto elaborado e redigido por Alexandre Viero, arquiteto e sócio CCIRS.

“A retomada do Salone Internazionale del Mobile di Milano.

Edição 61ª 
06 dias de evento
1962 marcas, sendo 66% indústria italiana e 34% internacional
Área expositiva de 170.000 metros quadrados
Aproximadamente 400 mil visitantes
Com números superlativos, aconteceu em Milão o 61 Salone Internazionale del Mobile, que confirma a vocação da Itália na dianteira da produção do design e do mobiliário e a sua contribuição de liderança nos mercados de alta performance. Esta edição marcou essencialmente a retomada do setor após a grave Emergência Internacional de saúde que passamos e indica importantes caminhos para o futuro do setor.

Durante seis dias a incrível Milão, cidade lombarda, localizada no norte da Itália se torna um imenso universo que reúne além do Salone, o também badalado Fuori Salone, onde exposições itinerantes ligadas à iniciativa privada, onde muitos autores e produtores (alguns muito famosos e outros nem um pouco) se intercalam e se avizinham por vários bairros e prédios públicos estratégicos da cidade. Além disso, aconteceu paralelamente a Euroluce, feira onde o foco é o design e a tecnologia no setor da iluminação – universo criativo e produtivo em plena Ascenção.
Certamente a Design Week é uma grande imersão muito esperada por todos os arquitetos, designers, produtores e lojistas antenados do planeta.
Como arquiteto que atua principalmente com interiores da arquitetura e com as questões relacionadas à casa e aos negócios, a visita ao Salone del Mobile este ano teve o intuito de sondar as pretensas mudanças do setor, tanto dos designers, quanto dos produtos, captadas e propostas pela indústria após os dois anos atípicos e descontinuados (2020 e 2021). Dos fatores que captei, posso citar dois que são importantes para a arquitetura:

1 – Consolidação, a permanência do clássico – e entenda-se clássico o bom design, aquele já experimentado e que tem perdurado através do tempo. A cultura Europeia não permite se desfazer do que é essencialmente bom.

2 – Minimalismo – entendido como a simplificação da forma, a forma básica, resolvida em poucos materiais, que é a essência do design moderno (1920 a 1950), porém com o acréscimo do conforto na essência da palavra. As formas puras ganham formas fluidas, curvas como a do corpo humano, e texturas macias, muitas vezes voluptuosas, acolhedoras, envolventes ao toque.

Fotos: Poliform

Foto: Minotti

As cores claras predominam lançando luz e amplitude nos objetos, na maioria das vezes os tons soft estão presentes, com gama de variações de sutis escalas de offwhite, cinza claro, crus, atuando como leves e delicados sombreamentos. Isso tem a ver com o toque de naturalidade e inspiração nas formas sutis e delicadas da natureza.

Existe a presença da cor e esta traz uma certa alegria, e não chega a ser explosiva. É controlada. Os tons ocre, violáceos, azuis e verdes estão em alta. Mas há espaço para a diversidade também e marcas como a Driade expressam bem esse papel lúdico, de levar o expectador ou o consumidor a um mundo particular.

Fotos: Driade

A presença da solidez da pedra natural e também da tecnologia das pedras reconstituídas chamam a atenção, assim como a onipresença da translucidez com muitos objetos em vidro de todas as formas, às vezes coloridos.

O setor produtivo europeu continua firme em seu propósito, ao que parece. Existe uma sinergia produtiva do essencial com muito design, aliado ao conforto. E a orientação para a sustentabilidade é, de fato, uma realidade.

Não é por acaso, que todos os elementos explorados e apresentados na produção italiana fazem parte da longa tradição produtiva do País, como as manufaturas de pedra, vidro e tecido, ou seja, uma produção criada e desenvolvida para a escala produtiva de longa tradição e expertise.

A minha experiência pessoal com esta edição do Salone del Mobile foi muito válida, pois nesta visita havia a expectativa de uma mudança brusca de caminhos na produção e no design, indicando novas necessidades e padrões de consumo, como por exemplo a presença da cor de forma mais incisiva, etc. Na realidade, os seis dias de andanças entre o Salone, a Euroluce e o Fuori Salone me permitiram verificar, em primeiro lugar, um comprometimento da Europa com o que é essencialmente bom e essencial à sua produção, mas sem perder a capacidade de emocionar, de sensibilizar e fazer sentido, indicando que cada vez mais o mobiliário precisa ser uma experiência positiva, ter um “porque” que traduza o “espírito” essencial de um tempo.

Toda essa vivência e experiência me permite enriquecer nossos projetos aqui no escritório e também confirmar aos nossos clientes nosso compromisso com a qualidade, com a cultura produtiva e com as melhores práticas internacionais.

Até o próximo Salone Internazionale del Mobile di Milano.”

Arq. Alexandre Viero

CAU RS A75338-6

A L E X A N D R E  V I E R O  é Mestre em  Arquitetura pelo consorcio MACKENZIE / UNIRITTER (2015), é Arquiteto e urbanista graduado pela UNISINOS (2005). Também é Especialista em Desenho mobiliário e interiores pelo consorcio UNIVERSITA DI PORDENONE/UCS – Brasil e Itália (2007). Desde 2005 desenvolve projetos residenciais e comerciais para clientes privados. Atuou como Curador arquitetônico para a mostra CASA COR RS (2014), onde recebeu o Prêmio CASA COR RS / Hunter Douglas. Atualmente é curador do ITALIAN DESIGN DAY RIO GRANDE DO SUL desde 2019, em colaboração com o CONSULADO ITALIANO NO RIO GRANDE DO SUL.

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